“(...)
Nesse sentido, é
importante ressaltar que
... blá blá blá.
Portanto, ... blá blá blá.
Nesse diapasão, impende
esclarecer que ...
blá blá blá.
Por conseguinte, ... blá blá blá.
Neste tocante, ... blá blá blá.
Ademais, insta frisar
que ... blá blá blá.
Registro, por oportuno,
que ... blá blá blá.
Note-se, desde
logo, ... blá
blá blá.
Pois bem. Blá blá blá.
Em conclusão, ... blá blá blá”.
Explico:
quando tínhamos 14 anos de idade, a professora nos disse que precisávamos
começar cada parágrafo da redação com uma conjunção ou expressão conjuntiva.
Isso para ligar as ideias, para que o texto ficasse coerente e coeso.
Todavia,
nós advogados e outros profissionais do Direito não estamos mais na oitava série do ensino fundamental. Não precisamos
de todo esse “entulho conjuntivo”,
esses quebra-molas linguísticos, tiques nervosos, soluços retóricos.
O
uso de uma expressão conjuntiva, de ligação, no início de cada parágrafo da petição, sentença ou parecer – além de desnecessário – é irritante e denota falta de proficiência no uso da língua
portuguesa. Elas devem ser usadas com parcimônia.
Veja
os principais escritores, jornalistas e ensaístas, nos principais jornais
brasileiros e internacionais. Os editoriais da Folha de S. Paulo, do Estado de
S. Paulo, da Veja, do New York Times, da The Economist. Os mais famosos
colunistas. O texto flui com naturalidade, sem essa obsessão em usar uma expressão “de ligação” no início de cada
parágrafo.
Ao
traduzir um texto jurídico, não é
necessário traduzir a maioria desses “espasmos linguísticos”, podem ser
simplesmente ignorados. O leitor da versão agradecerá.
Aproveito
para dar uma dica para quem quer melhorar o português (e o inglês): ler muitos editoriais dos mais respeitados jornais
e revistas. São o que há de melhor no idioma: concisos, diretos no ponto, linguagem
culta, argumentativos, escritos pelos jornalistas mais seniores e experientes.
E também uma ótima forma de se manter informado.